Lembranças Futuras De Uma Terra
por Damiana Ribeiro
Lembro-me de um dia, em que eu estava na janela
Recordando a aquarela que existia no meu quintal.
Eram cores, eram flores, nuances das árvores misturadas
As frutas e os pássaros que nelas encontravam
Morada e repouso sem igual.
Lembro-me do perfume das rosas, ah! Tão belas rosas,
Que de tão formosas, enfeitavam o meu singelo e bem cuidado jardim,
Exalando um aroma suave
Misturado as diversas cores destas rosas
Que transmitiam paz e imensa alegria pra mim
Lembro-me de um dia, não muito distante,
Em que debruçada na mesma janela, recordava dos belos sons que ouvia,
Das manhãs perfumadas que nasciam
Com a esperança do florescer, do renascer
Que cada amanhecer destes consigo trazia.
Lembro-me do cheiro do ar puro,
Do firme porto seguro que era estar perto de um rio pequeno,
Onde eu passava meus dias de sol, admirando os animais,
Descansando em sua margem, saciando a minha sede,
Lavando o corpo e a alma, naquele lugar sereno...
Lembro-me do azul do céu, límpido por causa da chuva
Que deixava uma poça de água turva pra que eu sempre brincasse
E das cores que Deus pintava num belo e extenso arco-íres
Depois que a chuva parasse, deixando a terra molhada
Pra que a vida se renovasse.
Lembro-me até mesmo do frio,
Daqueles invernos sombrios e do gelo que cobria os campos e o continente
Porém, eram bem necessários
Para manter tudo no mais perfeito equilíbrio
Deixando o eco sistema tranqüilo e o planeta contente.
Mas agora, o que vejo?
São os tons das matas queimadas, florestas devastadas,
Pela linha da cobiça que o homem traça.
Homem que se comporta como bixo, deixando um rastro de lixo
E poluição por onde passa.
O tom verde sujo dos rios,
Lagos e mares que de tão poluídos
Estão mortos, e fedem trazendo nojo e desolação.
O tom do ouro negro, que do mar é retirado
E que de tão explorado e desejado
Enlouquece a mente da criação.
O tom ensurdecedor de metal, que transita nas ruas, roubando a paz
E abafando o canto dos pássaros, tristes pássaros,
Que choram a perda dos ninhos, e entristecem meu coração.
É o tom da morte, que vem no norte, que vem do sul,
E de toda a parte em que a mão do obstinado homem toca
Machucando a terra onde mora, onde nada mais brota, a não ser destruição!
E agora, o que fazer?
Pra onde ir?
O que admirar?
Em que me esconder?
Mas agora eu mesmo imploro,
A esta minha natureza,
Que tanto me encantou com sua beleza
O mais sincero perdão.
Pois ainda resta um tom, o tom da esperança,
No sorriso da criança, que descobre que neste mundo
Ainda cabe solução
Se aprender desde pequena a respeitar, plantar, preservar e amar
O planeta onde vive, trazendo assim, a verdadeira transformação.
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